Kawasaki: Uma indústria em que a inovação é regra e, não por acaso, também fabrica motocicletas
Se eu te perguntar se conhece o nome Kawasaki, provavelmente vai responder afirmativamente e talvez até conheça vários modelos da marca japonesa.
Agora, se te contarem que uma das maiores fábricas de motocicletas do mundo, ela mesma a Kawasaki, tem 141 anos idade você pode estranhar, afinal, em 1878, quando Shozo Kawasaki fundou a empresa em Tóquio, ninguém ainda tinha pensado em montar um motor no meio de duas rodas, aliás, nem o senhor Kawasaki, que iniciou as atividades da empresa no ramo naval com um estaleiro para fabricar e consertar navios.
A inovação já era uma característica da Kawasaki, que começou a introduzir o aço, em vez do ferro, na produção de seus navios, diversificou os modelos de navegação e começou a aceitar novos desafios como a fabricação de submarinos para o exército japonês. Em 1906 entregou as duas primeiras unidades.
Depois da Primeira Guerra Mundial e do sucesso dos aviões nos combates a Kawasaki começou a produzir aeronaves e, até 1927 já havia entregado trezentos aviões ao exército japonês. Anos mais tarde, a Kawasaki já produzia aviões a jato para que a força japonesa os fizesse voar em combate. Neles a Kawasaki instalou poderosos motores a combustão e refrigeração líquida, capazes de gerar 1.500 hp e ligas de alumínio foram introduzidas na construção dos jatos, confirmando a enorme capacidade de desenvolver e utilizar novos materiais e tecnologias em seus produtos. E, se você ainda acha pouco, depois dos jatos começou a produzir helicópteros também.
Na sequência cronológica da ampliação e variação de produtos da Kawasaki, ainda nos anos 1910, entraram as turbinas a vapor, as locomotivas e os vagões de carga e passageiros, que ajudaram no desenvolvimento ferroviário no Japão e chegavam a outros países mundo afora. Vigas de aço estrutural para pontes também começaram a ser produzidas e foram muito utilizadas na reconstrução do Japão depois do grande terremoto de 1923.
Na década de 1920 já havia várias fábricas de moto no Japão, mas foi nos anos 1950 que a Kawasaki (já um grande grupo industrial) decidiu entrar no mercado de veículos pequenos, produzindo motores para motos, na mesma planta dos aviões, em Akashi. A fabricante de motos Meguro se associou à Kawasaki e passou a utilizar seus motores na produção de suas motocicletas até que, na década seguinte, a Kawasaki absorveu a Meguro e começou a estampar seu nome nos tanques das motocicletas.
Foi em 1969 que a Kawasaki alcançou fama mundial com uma motocicleta que se destacou à época pelo alto desempenho. Era a H1 500 (guarde esta sigla), uma moto com motor de dois tempos e três cilindros, capaz de acelerações vertiginosas e com preço accessível, que começou a peitar suas principais concorrentes, as motos europeias, que na maioria utilizavam motores de até dois cilindros.
Neste mesmo ano de 1969 a Kawasaki desenvolveu o primeiro robô industrial, outra inovação que gerou uma revolução em eficiência de produção, caminho sem volta que invadiu o mundo.
A expansão e diversificação da Kawasaki não parou e aproveitando a expertise em cada negócio, os japoneses da marca aproveitaram para criar novos negócios com a sinergia entre todas asdiferentes áreas . Outros exemplos são: a criação do Jet Ski, com os mesmos motores que eram utilizados nos snowmobile (motos de neve). Turbinas para geradores industriais foram criadas aproveitando as tecnologias utilizadas nos aviões, e até, escavadeiras circulares gigantes (utilizados para escavação do túnel do Canal da Mancha) foram criadas pela Kawasaki.
Voltando às motos, várias famílias de modelos Kawasaki invadiram o mundo nas últimas décadas sempre fazendo muito sucesso, caso de todas as versões da linha “Z”, Ninja e da Versys, por exemplo.
Lembra da sigla H1, pois é, em 2014 a Kawasaki trouxe para o Brasil a H2 e H2R, que também chegaram causando e marcando terreno com seu motor de quatro cilindros e sobrealimentado por turbina de acionamento mecânico. Um propulsor capaz de gerar 310 cv de potência máxima a 14.000 rpm e o impressionante torque de 16,8 kgf.m a 12.500 rpm, em sua versão de pista (H2R)! Modelo que teve em seu projeto a participação das engenharias de turbinas (motor) e aeronáutica (para desenvolver as asas da carenagem).
No ano passado a Kawasaki fez dez anos de operação própria no Brasil e quem ganhou com isso fomos nós, motociclistas, que temos o suporte oficial e uma rede de concessionárias para poder aproveitar as excelentes motos que a marca produz nos mais variados segmentos motociclísticos.
Ismael Baubeta é editor da Revista Motociclismo no Brasil, já passou pela redação das mais importantes publicações de motocicleta do país trabalhando e aprendendo com os melhores jornalistas/especialistas da área. Motociclista há mais de trinta anos, fez da paixão pelas motocicletas sua profissão. Escreve toda semana para o blog do Salão Duas Rodas 2019.
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